quinta-feira, 10 de julho de 2008
Al Capone, Daniel Dantas e o Ladrão de Galinhas
Al Capone no final dos 20 controlava informantes, pontos de apostas, casas de jogos, prostíbulos, bancas de apostas em corridas de cavalos, etc e chegou a faturar 100 milhões de doláres norte-americanos por ano, durante a Lei seca. Em 1931, foi condenado pela justiça americana por sonegação de impostos, com 11 anos de reclusão. No Brasil, no primeiro decênio do século 21, Walmes Pereira da Silva, de 25 anos, foi pego em flagrante e está preso numa cadeia em Rincão, cidadezinha nas proximidades de Araraquara, região do interior paulista com indicadores econômicos dignos dos EUA e de países da Europa. Walmes divide uma cela com 25 detentos, num espaço onde deveriam ficar no máximo 12 pessoas. Até aí, tudo bem. Esse é um defeito de quase todas as cadeias brasileiras e lugar de ladrão é mesmo atrás das grades.
Ou deveria ser. O problema é que nem todos os ladrões estão atrás das grades, especialmente aqueles que cometem justamente os maiores roubos, incluindo ataques vorazes aos cofres públicos. Walmes foi detido quando tentava roubar cinco galinhas numa granja. Nem chegou a degustar as “penosas”, já que, alertada pelo dono, a polícia chegou a tempo de dar o flagrante. Isso é que é eficiência, ao menos quando se trata de gente não tem tempo, nem dinheiro principalmente, para acionar um bom advogado, esses sim mais ágeis e rápidos do que a própria polícia. Enfim, Walmes é literalmente um ladrão de galinhas.
Como a família não tem condições de contratar um advogado, o rapaz continua preso, à espera de um advogado voluntário e de um juiz mais justo e menos apegado à lei. Enquanto isso, no galinheiro, perdão, em Brasília, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, atendeu aos pedidos dos advogados e determinou a expedição do alvará de soltura em favor do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, do investidor Naji Nahas e de outras oito pessoas presas durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Na noite de ontem, Mendes já havia concedido habeas-corpus ao banqueiro Daniel Dantas e à irmã dele, Verônica. Será que o Brasil, em pleno início do século XXI, finalmente atingirá a façanha alcançada pelos norte-americanos nos distantes anos pós-depressão?
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