sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Determinantes Socioeconômicos e Comportamentais da Propensão a Empreender de Estudantes
Excelente sexta-feira de véspera de carnaval, pois participei hoje da sessão de defesa da dissertação, na qualidade de orientador e membro da banca, sob o tema "Determinantes Socioeconômicos e Comportamentais da Propensão a Empreender de Estudantes de Teresina - PI" do mestrando Kelsen Silva. A banca decidiu pela nota 9,0 (nove) pela qualidade do trabalho. A dissertação buscou verificar a influência dos aspectos sócio-econômicos e comportamentais dos alunos em fase de conclusão dos cursos de Administração de Empresas nas IES de Teresina na propensão a empreender, utilizando como apoio teórico o trabalho desenvolvido por David McClelland. Com uma abordagem quantitativa, a pesquisa utilizou uma amostra de 312 casos, cujos dados foram conduzidos através da análise discriminante múltipla, que apontou dentre os trinta e dois fatores sócio-econômicos e comportamentais, três que se destacaram com maior poder discriminatório, sendo os que mais influenciam na propensão a empreender. São esses: comprometimento, busca de informações, persuasão e rede de contatos, enquanto fatores que melhor prevêem a propensão. Quanto aos aspectos socioeconômicos verificou-se o predomínio feminino na propensão ao empreendedorismo, com focos de independência e na vida profissional. Depois da defesa a meta agora é transformar a dissertação em alguns artigos para eventos e periódicos, em busca dos suados pontos Qualis. Saudações e ótimo carnaval.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Artigo na revista Insight Empresarial
Depois de quase três meses retorno ao blog com a íntegra do artigo publicado na revista Insight Empresarial, um projeto dos trainees do Grupo Marquise. O convite foi feito por um ex-aluno da UFC que faz parte do programa. A revista foi publicada em setembro de 2008 com uma tiragem de 4.200 exemplares. Um abraço a todos e aguardo os comentários e críticas quanto ao artigo.
O mundo tem passado por uma série de transformações, principalmente no século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo de vida das pessoas.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os profissionais buscavam se empregar principalmente em instituições públicas, bancos e multinacionais, tendo como sustentação as elevadas taxas de crescimento econômico dos países. Entretanto, os anos 80 e 90 trouxeram várias mudanças para a economia mundial, entre elas os fenômenos da competitividade global e das inovações tecnológicas e suas transformações no mercado de trabalho. Fatores como a globalização e a terceirização das atividades acentuaram esse impacto, pois grandes empresas, juntamente com a política de privatização do setor público postulada pelo “Consenso de Washington”, realizaram demissões em massa, contribuindo para o aumento do índice de desemprego no Brasil e no mundo. Isso fez com que muitas pessoas, por motivo de sobrevivência ou por falta de oportunidades, utilizando-se de poupanças resultantes das indenizações de trabalho, FGTS, empréstimos bancários e familiares, iniciassem seus próprios negócios sem nenhum tipo de preparo e informação.
Essa falta de preparação fez com que aumentasse o índice de mortalidade de pequenas e médias empresas em geral, que atinge cerca de 60% no quarto ano de existência (Sebrae, 2004). Parte desse fenômeno é devido ao que a literatura chama de empreendedores involuntários, composto por jovens recém-formados e pelas pessoas que foram demitidas em função dos processos de fusões, privatizações e reengenharia, os quais, não conseguindo retornar ao mercado formal de trabalho, têm na criação do próprio negócio, uma alternativa de trabalho e renda.
De acordo ainda com o último relatório do GEM (2006), apesar do Brasil está caindo no ranking internacional de empreendedorismo, os números demonstram que o empreendedorismo por oportunidade vem crescendo desde 2003, atingindo 57% da população de empreendedores iniciais e uma diminuição na proporção de empreendedores por necessidade (43%).
Esses números poderiam ser diferentes caso a cultura empreendedora tivesse sido disseminada no Brasil há mais tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os primeiros cursos de empreendedorismo surgiram logo após a Segunda Grande Guerra. Em 1971 existiam apenas 16 faculdades e universidades que ministravam essa disciplina, enquanto que hoje as estimativas apresentam mais de 800. Os estudantes americanos estão cada vez mais interessados em participar de cursos, muitas vezes motivados pelo interesse em criar seus próprios negócios e, em paralelo, no mundo acadêmico, o empreendedorismo tem dominado as pesquisas em administração.
Ao contrário da longa tradição registrada nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, no Brasil poucas instituições de ensino superior têm implantado programas de empreendedorismo em seus currículos regulares. No Brasil, o primeiro curso de empreendedorismo que se tem notícia surgiu, em 1981, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas – FGV/SP, por iniciativa do professor Ronald Degen e chamava-se “Novos Negócios”. O curso pertencia ao Curso de Especialização em Administração para Graduados (Ceag). Em 1984 o curso foi estendido para a graduação, denominado de “Criação de Novos Negócios – Formação de Empreendedores”.
Quando se aborda o empreendedorismo, algumas pessoas ainda postulam que as características empreendedoras do ser humano são inatas e, portanto, apenas uma minoria eleita nasceria com esse dom, enquanto a maioria estaria destinada a exercer sua atividade econômica na condição de assalariado.
Na realidade, a história tem demonstrado que as capacidades espontâneas dos empreendedores natos têm um papel fundamental no desenvolvimento econômico das nações. Entretanto, mesmo nos países desenvolvidos, onde o ensino de empreendedorismo está mais avançado, tem sido uma árdua tarefa convencer a sociedade de que as características empreendedoras de uma pessoa possam ser adquiridas e desenvolvidas por meio de um aprendizado especial.
O conceito de empreendedorismo tem evoluído bastante ao longo dos últimos anos, não mais se limitando aos ensinamentos ligados à criação de empresas, se direcionando para campos de pesquisa bastante abrangentes, tais como o empreendedorismo corporativo como um meio de crescimento e renovação para grandes empresas, teorias sobre empreendedorismo internacional e empreendedorismo social.
Essas mudanças não aconteceram por acaso, elas são decorrentes dos acontecimentos que afetam nossas sociedades e introduzem rupturas nas empresas, nos indivíduos e na formação educacional, a tal ponto que podemos considerá-lo como uma verdadeira “revolução científica” ao senso de Thomas Kuhn. Ou seja, o empreendedorismo vem se transformando em um novo paradigma científico.
O empreendedorismo constitui uma nova disciplina? Nosso ponto de vista é que a história nos ensinou que o desenvolvimento de uma disciplina é decorrente da construção cultural e social provocada pelas mudanças que revolucionam uma sociedade. Nessas condições, levantamos a hipótese que o empreendedorismo se encontra atualmente em uma fase transitória em busca de uma mudança em seu status, de paradigma à disciplina científica. Essa ambigüidade de status é que talvez explique os problemas atuais de reconhecimento e do posicionamento entre as demais disciplinas.
O empreendedorismo é uma disciplina e, portanto, como toda disciplina, pode ser ensinada. A realidade atual é que o ensino de empreendedorismo vem se disseminando com rapidez no Brasil. Ele está presente na governança, no meio empresarial, nas instituições representativas de classe e de ensino, o que demostra, inequivocadamente, que o espírito empreendedor pode ser adquirido, ao contrário daqueles que afirmam que é uma característica inata.
O mundo tem passado por uma série de transformações, principalmente no século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo de vida das pessoas.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, os profissionais buscavam se empregar principalmente em instituições públicas, bancos e multinacionais, tendo como sustentação as elevadas taxas de crescimento econômico dos países. Entretanto, os anos 80 e 90 trouxeram várias mudanças para a economia mundial, entre elas os fenômenos da competitividade global e das inovações tecnológicas e suas transformações no mercado de trabalho. Fatores como a globalização e a terceirização das atividades acentuaram esse impacto, pois grandes empresas, juntamente com a política de privatização do setor público postulada pelo “Consenso de Washington”, realizaram demissões em massa, contribuindo para o aumento do índice de desemprego no Brasil e no mundo. Isso fez com que muitas pessoas, por motivo de sobrevivência ou por falta de oportunidades, utilizando-se de poupanças resultantes das indenizações de trabalho, FGTS, empréstimos bancários e familiares, iniciassem seus próprios negócios sem nenhum tipo de preparo e informação.
Essa falta de preparação fez com que aumentasse o índice de mortalidade de pequenas e médias empresas em geral, que atinge cerca de 60% no quarto ano de existência (Sebrae, 2004). Parte desse fenômeno é devido ao que a literatura chama de empreendedores involuntários, composto por jovens recém-formados e pelas pessoas que foram demitidas em função dos processos de fusões, privatizações e reengenharia, os quais, não conseguindo retornar ao mercado formal de trabalho, têm na criação do próprio negócio, uma alternativa de trabalho e renda.
De acordo ainda com o último relatório do GEM (2006), apesar do Brasil está caindo no ranking internacional de empreendedorismo, os números demonstram que o empreendedorismo por oportunidade vem crescendo desde 2003, atingindo 57% da população de empreendedores iniciais e uma diminuição na proporção de empreendedores por necessidade (43%).
Esses números poderiam ser diferentes caso a cultura empreendedora tivesse sido disseminada no Brasil há mais tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os primeiros cursos de empreendedorismo surgiram logo após a Segunda Grande Guerra. Em 1971 existiam apenas 16 faculdades e universidades que ministravam essa disciplina, enquanto que hoje as estimativas apresentam mais de 800. Os estudantes americanos estão cada vez mais interessados em participar de cursos, muitas vezes motivados pelo interesse em criar seus próprios negócios e, em paralelo, no mundo acadêmico, o empreendedorismo tem dominado as pesquisas em administração.
Ao contrário da longa tradição registrada nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, no Brasil poucas instituições de ensino superior têm implantado programas de empreendedorismo em seus currículos regulares. No Brasil, o primeiro curso de empreendedorismo que se tem notícia surgiu, em 1981, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas – FGV/SP, por iniciativa do professor Ronald Degen e chamava-se “Novos Negócios”. O curso pertencia ao Curso de Especialização em Administração para Graduados (Ceag). Em 1984 o curso foi estendido para a graduação, denominado de “Criação de Novos Negócios – Formação de Empreendedores”.
Quando se aborda o empreendedorismo, algumas pessoas ainda postulam que as características empreendedoras do ser humano são inatas e, portanto, apenas uma minoria eleita nasceria com esse dom, enquanto a maioria estaria destinada a exercer sua atividade econômica na condição de assalariado.
Na realidade, a história tem demonstrado que as capacidades espontâneas dos empreendedores natos têm um papel fundamental no desenvolvimento econômico das nações. Entretanto, mesmo nos países desenvolvidos, onde o ensino de empreendedorismo está mais avançado, tem sido uma árdua tarefa convencer a sociedade de que as características empreendedoras de uma pessoa possam ser adquiridas e desenvolvidas por meio de um aprendizado especial.
O conceito de empreendedorismo tem evoluído bastante ao longo dos últimos anos, não mais se limitando aos ensinamentos ligados à criação de empresas, se direcionando para campos de pesquisa bastante abrangentes, tais como o empreendedorismo corporativo como um meio de crescimento e renovação para grandes empresas, teorias sobre empreendedorismo internacional e empreendedorismo social.
Essas mudanças não aconteceram por acaso, elas são decorrentes dos acontecimentos que afetam nossas sociedades e introduzem rupturas nas empresas, nos indivíduos e na formação educacional, a tal ponto que podemos considerá-lo como uma verdadeira “revolução científica” ao senso de Thomas Kuhn. Ou seja, o empreendedorismo vem se transformando em um novo paradigma científico.
O empreendedorismo constitui uma nova disciplina? Nosso ponto de vista é que a história nos ensinou que o desenvolvimento de uma disciplina é decorrente da construção cultural e social provocada pelas mudanças que revolucionam uma sociedade. Nessas condições, levantamos a hipótese que o empreendedorismo se encontra atualmente em uma fase transitória em busca de uma mudança em seu status, de paradigma à disciplina científica. Essa ambigüidade de status é que talvez explique os problemas atuais de reconhecimento e do posicionamento entre as demais disciplinas.
O empreendedorismo é uma disciplina e, portanto, como toda disciplina, pode ser ensinada. A realidade atual é que o ensino de empreendedorismo vem se disseminando com rapidez no Brasil. Ele está presente na governança, no meio empresarial, nas instituições representativas de classe e de ensino, o que demostra, inequivocadamente, que o espírito empreendedor pode ser adquirido, ao contrário daqueles que afirmam que é uma característica inata.
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